Nutricionista sp DRA Regina Longano

As doenças da tireóide e a alimentação

As desordens na tireóide já atingem mais de 200 milhões de pessoas no mundo todo, e podem ou não vir associadas a outras doenças. O tratamento na maioria das vezes é baseado em reposição hormonal, mas a alimentação natural também tem papel importante na melhora e na prevenção do problema.

É impressionante como tem aumentado o número de casos de pessoas com distúrbios na glândula tireóide. Para se ter uma ideia melhor, hoje já são mais de 200 milhões de pessoas com esse problema em todo o mundo. E a maioria dos casos acontece entre mulheres em pós-menopausa, com mais de 50 anos. O problema também pode vir associado a vitiligo, síndrome de Down, diabetes tipo 1, depressão, doença celíaca e câncer de mama (1).

O distúrbio na tireóide mais comum é o hipotireoidismo. Caracterizado pela diminuição na produção/ação dos hormônios T3 e/ou T4, ele pode ser causado por: predisposição genética, tireoidite de Hashimoto (doença auto-imune), desordens no hipotálamo (glândula responsável pela produção de hormônio tireoestimulante – TSH), ou também pode aparecer como consequência do tratamento do hipertireoidismo (doença caracterizada pela aceleração das funções da tireóide). No hipotireoidismo há uma diminuição da taxa metabólica, ao contrário do que acontece no hipertireoidismo (2).

O tratamento para a maioria desses casos é baseado em medicamentos para reposição hormonal, sendo que no hipertireoidismo pode ser necessária uma interferência cirúrgica antes.
Mas além do tratamento médico, é importante lembrar que uma alimentação natural adequada pode tanto potencializar os efeitos do tratamento como ajudar a prevenir esses distúrbios.

Confira as dicas:

– alimentos ricos em selênio – além da ação antioxidante e facilitadora do processo de eliminação de metais pesados do organismo, o selênio também compõe as desiodinases I e II (selenoproteínas responsáveis pela conversão do hormônio T4 em T3). Estudos mostram que o tratamento de casos de tireoidite de Hashimoto tem uma redução significativa dos processos inflamatórios na presença do selênio. O alimento mais rico em selênio é a castanha do pará (ou castanha-do-brasil) (1,2);

– zinco – estudos mostram que a deficiência de zinco pode reduzir os níveis de T3 e T4, provavelmente porque ele é um co-fator da desiodinase II. Ele está presente na semente de abóbora, no gérmen de trigo, nos grãos integrais (arroz integral, feijão, lentilha, grãos de bico, aveia), no levedo de cerveja (1, 2);

– alimentos orgânicos – a alimentação convencional muitas vezes nos coloca em contato com excesso de agroquímicos e de metais pesados que aumentam muito o risco de aparecerem problemas na tireóide. Por isso, quanto mais orgânicos na alimentação, menor o risco desses distúrbios (1);

– Evite contato com plásticos (além dos impactos ruins ao meio ambiente, o plástico é feito com componentes prejudiciais à saúde humana, como é o caso dos organoclorados (componentes dos PCBs -bifenis policlorados). Os organoclorados tendem a se acumular no organismo causando prejuízos como lesões na tireóide e redução na ação dos hormônios T3 e T4. Por isso, a recomendação é de evitar ao máximo o contato do plástico com alimentos, quer seja através de recipientes (preferir os de vidro ou cerâmica, por exemplo) ou mesmo de talheres (preferir os de inox, por exemplo) (3, 4).

Referências bibliográficas:
1. GOLDFEDER, R.T. Nutrientes, compostos bioativos e tireóide. CVPE, 2008
2. COZZOLINO, SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. Ed Manole, 2005.
3. PELLETIER, C. e col. Energy balance and pollution by organoclorines and polychlorinated biphenyls. Obes Rev. 4:17-24, 2003.
4. BAILLIE-HAMILTON, PF. Chemical toxins: a hypothesis to explain the global obesity epidemic. J Altern Complement Med. 8 (2): 185-92, 2002.

Fonte-Site Mãe Terra-Edição-Junho-2011.