Nutricionista sp DRA Regina Longano

O caminho da nutrição “nutrigenômica”

Atualmente a Nutrigenômica é a área chave na ciência da Nutrição, onde seu foco de investigação é a interação nutriente-gene que pode ocorrer de duas formas:

– Os nutrientes podem influenciar no funcionamento do genoma;
– As variações no genoma podem influenciar a resposta individual à alimentação.

O principal impacto da Nutrigenômica é a personalização, com base no genótipo, das recomendações nutricionais para a promoção da saúde e redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis.

A Nutrigenômica baseia-se em alguns princípios dentre os quais podemos citar alguns:

– Nutrientes e compostos bioativos normalmente presentes nos alimentos modificam a expressão gênica e/ou a estrutura do genoma,
– A influência da dieta na sáude e bem estar depende da estrutura genética do indivíduo,
– Alguns genes e suas variantes são regulados pela dieta e podem participar de doenças crônicas não transmissíveis,
– Intervenções dietéticas baseadas na necessidade e estado nutricional, bem como no genótipo, podem ser utilizadas para desenvolver uma nutrição individualizada que otimize a saúde e previna algumas doenças.

Conforme mapeamento do genoma humano, temos cerca de 30 mil genes distribuídos em nossos cromossomos. Parte desses genes codifica para proteínas como enzimas, transportadores, hormônios e receptores necessários a processos, como digestão, absorção, metabolismo e excreção de nutrientes.

Nutrientes, além de serem importantes como provedores de energia (carboidratos e lipídeos) ou cofatores enzimáticos (determinados minerais e vitaminas) também apresentam a capacidade de alterar a expressão gênica. Os efeitos mais importantes dos alimentos no organismo ocorrem em nível molecular e podem ser benéficos como deletéricos, dependendo de quais genes têm atividade alterada.

Os metabólicos dos nutrientes tem ação no núcleo celular ao se ligar diretamente a um fator de transcrição e induzir a expressão gênica. Existem diferentes classes de fatores de transcrição e parte delas é ativada por nutrientes. Assim, por exemplo, destacam-se os receptores de Vitamina D (vitamin D receptor VDR) e vitamina A (retinoic acid receptor-RAR), que são ativados por calcitriol e ácido retinóico respectivamente.

Os CBAs (compostos bioativos dos alimentos) dos nutrientes atuam no citoplasma, ativando por exemplo, quinases (enzimas) que irão fosforilar um fator de transcrição que estava inativo. O fator de transcrição ativado indiretamente, será translocado para o núcleo celular e ligado a regiões promotoras, induzem a expressão gênica. Exemplos de CBAs que atuam dessa forma são os sulforanos (brócolis) e as catequinas (chá verde). Relata-se ainda, que componentes dos alimentos podem modular a expressão gênica em nível pós transcricional. Exemplos são o Ferro e o Betacaroteno.

Ressalta-se que todo processo metabólico envolve a ação de diversas proteínas, que são produzidas a partir da informação contidas nas moléculas de RNAm, transcritas em uma determinada célula, tecido ou organismo. Alterações nos níveis de RNAm e de proteínas, como transportadores, enzimas, receptores, fatores de transcrição, entre outros, são importantes determinantes do fluxo de nutrientes ou metabólitos através de uma via bioquímica.

Fonte:
COZZOLINO, Silvia M F; ONG, Thomas P. Nutrigenômica e biodisponibilidade de nutrientes. In: cozzolino, Silvia M F, Biodisponibilidade de nutrientes. 3* ed.Barueri- SP: Manole, 2009. Cap. 04, p.71-75.

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