Nutricionista sp DRA Regina Longano

As emoções e a saúde do nosso cérebro

As Emoções e a Saúde do Nosso Cérebro

Ao longo da evolução, nosso sistema nervoso foi moldado para obter sensações de recompensa diante de situações que favorecem a nossa sobrevivência. De forma instintiva, procuramos viver em ambientes onde há água e nutrientes suficientes, onde podemos perceber o apoio e a proteção de uma comunidade. É por isso que nos sentimos bem quando estamos com amigos, ao comer alimentos saborosos, ao fletar, ao receber carinho e ao fazer sexo. Nossas sofisticadas capacidades como sentidos, cognição, criatividade, emoções, habilidades de comunicar idéias, só existem porque conseguimos nos alimentar.

O sistema endocanabinóide (sistema de produção e liberação de substâncias secretadas naturalmente no cérebro), participa ativamente do processamento das sensações prazerosas. Ambientes e situações que parecem ameaçar a saúde, desencadeiam o estresse. Temos raiva, ansiedade, medo, insatisfação e tristeza, sentimentos que nos compelem a lutar ou fugir, a mudar de ambiente, a modificar nossa situação e a aprender a evitar ou a enfrentar essas circunstâncias desagradáveis.Em tais contextos, é como se o sistema endocanabinoide fosse “desligado”.

Durante a fase aguda de qualquer forma de estresse, a glândula adrenal secreta o hormônio Cortisol, entramos em estado momentâneo de alerta:deixamos de sentir fome e sono e o sistema imune entra em hiperatividade. Quando a situação extrema termina, o organismo tenta compensar o aumento dos níveis do cortisol. Os endocanabinoides são ativados e estimulam o apetite o anabolismo, para recuperar e estocar energia. Com o auxílio da endorfina,reduzem a tensão mental e a física.Também agem sobre as dores causadas por possíveis ferimentos ou por agentes pró-inflamatórios liberados no período agudo.

Desta forma,os endocanabinoides, atuam nas interações afetivas e cooperativas, favorecendo os processos cognitivos para aprendermos a evitar o estresse.Resumindo, os níveis de endocanabinoides são reduzidos quando detectamos alguma “ameaça”e aumentados acima dos níveis basais quando a situação desagradável termina, coordenando o retorno do organismo à normalidade.

Quando o estresse se torna crônico, os mecanismos de retorno, passam a atuar cada vez menos, tornando-se mal adaptativos; situações deste tipo podem desencadear quadros clínicos de desequilíbrios orgânicos, influenciando negativamente no funcionamento adequado de nosso organismo, deixando-o mais susceptível ao aparecimento de doenças.

Fonte-Revista Scientific American, Mente-Cérebro, Ano XIX, Número224.