Dormir pouco altera a taxa de glicemia,esta reação foi demonstrada pela equipe de Eve Van Cauter. Os pesquisadores pediram a alguns rapazes que dormissem apenas quatro horas por seis noites seguidas e nas seis noites sucessivas podiam ficar na cama por até 12 horas.No quinto dia de cada período foi realizado um teste no qual os participantes receberam uma solução açucarada.
Após o aumento considerável da concentração de glicose no sangue, os níveis voltaram a diminuir pouco a pouco. Mas os pesquisadores perceberam que os valores de glicemia desciam mais lentamente depois de noites “breves” em comparação aos das pessoas que tinham dormido. O motivo disto esta relacionado ao fato do organismo produzir menos insulina, hormônio que tem a tarefa de concentrar no figado, nos músculos e nos tecidos adiposos a glicose presente no sangue. Além disto, as células não reagiam mais com a mesma sensibilidade ao neurotransmissor, a chamada“sensibilidade insulínica”caía dramaticamente, estabilizando-se em um nível que os médicos verificam, normalmente nos pacientes com alterações do metabolismo.
O fato do sono repousante influir na glicemia já havia sido demonstrado em um estudo realizado nos Estados Unidos, o Nurses Health Study, no qual foram examinadas, em um período de 30 anos e a intervalos regulares, cerca de 70 mil enfermeiras. A diminuição da quantidade e da qualidade das horas de sono aumentava o risco de ficarem doentes e de tornarem diabéticas.Essa possibilidade aumentava em mais de 50% entre profissionais com menos de cinco horas de sono, em comparação às que dormiam mais de oito.
Para o equilíbrio energético do organismo o elemento decisivo é a qualidade do sono. Durante a fase profunda,que se instaura principalmente nas primeiras horas da noite, o organismo produz muitos hormônios que agem sobre o metabolismo dos carboidratos, e em 2008 o grupo de Eve Van Cauter afirmou que a alteração do sono pode desorganizar o mecanismo de controle dos carboidratos no sangue. O organismo extrai substâncias nutritivas dos alimentos e “estoca” reservas; quando há algum desequilíbrio nesse processo, ocorre uma “estagnação” que pode provocar sobrepeso.
Os principais fatores de risco que podem comprometer o equilíbrio orgânico são a redução e a alteração da fase do sono profundo, visto que neste período o organismo se esforça para garantir o máximo de fornecimento de energia para determinadas regiões cerebrais.Talvez seja esse o motivo pelo qual insônia crônica e excesso de peso são condições clinicas que tendem a se apresentar juntas.Todos estes estudos nos levam a acreditar que cada vez mais, as recomendações de dormir bem estarão ao lado dos outros conselhos já estabelecidos nos manuais de dieta.
Fonte-Revista Scientific American-Mente e Cérebro, Ano-XIX,n*235-2012.